Parte dos parlamentares é contrária à
inclusão. Redação inicial falava em 'veemente repúdio', mas termo foi retirado.
Governadores devem se reunir na próxima semana para discutir assunto.

Paulo Câmara (PSB) governador de Pernambuco também assinou a carta em defesa da reforma da previdência. Foto: Reprodução
Por Gioconda Brasil e Gustavo Garcia, TV Globo e G1 —
Brasília
Jornal Nacional
Governadores
divulgaram nesta quinta-feira (6) uma carta de apoio à manutenção de servidores
de estados, Distrito Federal e municípios na proposta de reforma da Previdência Social.
A carta foi divulgada pela assessoria do governador do DF, Ibaneis Rocha,
coordenador nacional do Fórum de Governadores.
Na versão inicial,
a carta falava em "veemente repúdio" à sugestão de retirada dos
estados e municípios da proposta da reforma, conforme defende uma parcela de
deputados. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM) se recusou a assinar um
texto com essa expressão.
Caiado assinou a
versão final divulgada na tarde desta quinta, que não contém a expressão. Os
únicos governadores que não assinam a carta são Rui Costa (PT), da Bahia, e
Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão. Os governadores Wellington Dias (PT), do Piauí,
e Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, dizem que também não assinaram (leia
detalhes mais abaixo).
A aplicação aos
servidores estaduais e municipais das regras de aposentadoria previstas na
proposta de emenda constitucional (PEC) da reforma da Previdência é um dos
pontos de maior controvérsia.
Deputados têm feito
pressão para que o trecho fique de fora do texto porque parte deles não quer
arcar com o desgaste político de aprovar uma matéria considerada impopular.
Segundo o relator da reforma na comissão especial, Samuel Moreira (PSDB-SP),
a Casa está "bem dividida".
Se os estados
ficarem de fora do texto, governadores que queiram fazer uma reforma
previdenciária a fim de sanear as finanças estaduais terão de aprovar uma
proposta própria na assembleia legislativa.
No texto da carta,
os governadores argumentam que aprovar uma regra local, no estado, dificulta a
uniformidade para o território nacional e é um obstáculo para a efetivação de
normas. Eles também afirmam no documento que o regime de Previdência é
"substancialmente deficitário", constituindo uma das causas da
"grave crise fiscal enfrentada pelos entes da federação".
O texto afirma que,
caso não sejam adotadas medidas para a solução do problema, "o déficit nos
regimes de aposentadoria e pensão dos servidores estaduais, que hoje atinge
aproximadamente R$ 100 bilhões por ano, poderá ser quadruplicado até o ano de
2060, conforme estudo da Instituição Fiscal Independente – IFI, do Senado
Federal".
De acordo com o
governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), um dos articuladores da
carta de repúdio, o documento ficou pronto nesta quinta-feira (6). Governadores
mobilizados em todo país estariam colhendo assinaturas para o texto.
Governadores são contra a retirada de municípios e Estados da reforma da
Previdência
Economia de R$ 350 bi nos estados
A proposta do
governo para a reforma da Previdência prevê economia de R$ 350 bilhões em
10 anos para os estados — segundo estimativas do Ministério
da Economia — se os servidores estaduais forem incluídos nas regras de
aposentadoria previstas no texto.
Segundo os
governadores, retirar estados e municípios do texto da reforma representa
"atraso e obstáculo" à efetivação de normas necessárias.
No início desta
semana, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou que
os governadores deveriam ir a
Brasília e pressionar os deputados para que os estados não
sejam excluídos da reforma.
'Sandália da humildade'
O deputado Marcelo
Ramos (PR-AM), presidente da comissão especial da reforma da Previdência,
afirmou nesta quinta (6) que os governadores podem ajudar "bastante"
a manter estados e municípios na proposta se "calçarem a sandália da
humildade" e pedirem aos deputados que votem a reforma
que não "tiveram a coragem de fazer" em seus estados.
O presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já chegou a afirmar que "acha difícil" os
estados serem mantidos na proposta, apesar de ele próprio
considerar que o "sistema é único" e que o déficit dos estados
precisa ser resolvido.
O presidente Jair
Bolsonaro declarou no último sábado (1°) que gostaria que o Congresso
mantivesse estados e municípios na proposta, mas que o
"impasse" deve ser resolvido pelos parlamentares.
Considerada
prioritária pela equipe econômica para recuperar as contas públicas, a reforma
da Previdência prevê regras mais rigorosas para a aposentadoria de todo o
funcionalismo público e também dos trabalhadores da iniciativa privada.
Assinaturas
Na noite desta
quinta-feira, os governadores Wellington Dias (Piauí) e Fátima Bezerra (Rio
Grande do Norte) afirmaram em uma rede social que não assinaram a carta.
Procurada, a
assessoria de Ibaneis Rocha (Distrito Federal), coordenador nacional do Fórum
de Governadores, afirmou que o conteúdo da carta foi discutido em um grupo de
aplicativo de troca de mensagens. Acrescentou que, na próxima terça (11),
haverá uma reunião entre os governadores para discutir o conteúdo da carta.
"A carta foi
submetida a todos os governadores antes da divulgação por meio do grupo de
WhatsApp que fazem parte. Inicialmente, foi feita uma minuta com os principais
pontos, que foi sendo modificada a partir das sugestões de cada governador, até
se chegar ao novo texto. Como acontece com todos os documentos extraídos do
grupo via WhatsApp, foi dado um tempo de 30 minutos para que quem tivesse
alguma objeção se manifestasse. Apenas os governadores da Bahia e Maranhão se
manifestaram contra o texto. A carta, como havia sido acertado, seria
protocolada na Câmara Federal, Senado e Presidência da República ainda esta
semana. Mas diante da complexidade do tema, a maioria dos governadores decidiu
postergar a redação final do texto para a próxima terça-feira, quando se reúnem
em Brasília", informou a assessoria.
Íntegra da carta
Leia abaixo a
íntegra da carta assinada por 25 governadores:
CARTA
DE APOIO À MANUTENÇÃO DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS NA
ATUAL PROPOSTA DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Brasília,
6 de junho de 2019.
Os
Governadores infra-assinados manifestam apoio à manutenção dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios na Proposta de Emenda à Constituição que
modifica o sistema de Previdência Social, atualmente debatida no Congresso
Nacional.
Como
é de conhecimento de todos, o regime de Previdência é substancialmente
deficitário, constituindo uma das causas da grave crise fiscal enfrentada pelos
Entes da Federação, os quais, frequentemente, não dispõem de recursos para
recolher aposentadorias ou honrar a folha de salário de servidores em
atividade.
Caso
não sejam adotadas medidas contundentes para a solução do problema, o déficit
nos regimes de aposentadoria e pensão dos servidores estaduais, que hoje atinge
aproximadamente R$ 100 bilhões por ano, poderá ser quadruplicado até o ano de
2060, conforme estudo da Instituição Fiscal Independente – IFI, do Senado Federal.
Atribuir
aos Governos estaduais e distrital a missão de aprovar mudanças imprescindíveis
por meio de legislação própria, a fim de instituir regras já previstas no
projeto de reforma que ora tramita no Congresso, não apenas representaria
obstáculo à efetivação de normas cada vez mais necessárias, mas também
suscitaria preocupações acerca da falta de uniformidade no tocante aos
critérios de Previdência a serem observados no território nacional.
Cabe
ressaltar que a uniformização de tratamento, no que concerne ao estabelecimento
de regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de
Previdência Social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, é uma realidade que vigora há mais de 20 anos, desde
a edição da Lei nº 9.717/1998.
Destaca-se,
ainda, que, desde a primeira reforma da Previdência atinente aos servidores
públicos (Emenda Constitucional nº 20, de 1998), o art. 40 da Constituição da
República alcança todos os servidores da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, sem distinção, representando princípio que se manteve
com a aprovação das Emendas Constitucionais nº 41, de 2003, nº 47, de 2005, e
nº 70, de 2012.
Por
conseguinte, contamos com o indispensável apoio de nossos deputados e senadores
para a manutenção dos Estados e do Distrito Federal na Nova Previdência, a fim
de garantir o equilíbrio fiscal e o aumento dos investimentos vitais que
promovam a melhoria da vida de nossos concidadãos, evitando o agravamento da
crise financeira que já se mostra insustentável.
IBANEIS
ROCHA
Governador
do Distrito Federal
Coordenador
Nacional do Fórum de Governadores
GLADSON
CAMELI
Governador
do Estado do Acre
RENAN
FILHO
Governador
do Estado de Alagoas
WALDEZ
GÓES
Governador
do Estado do Amapá
WILSON
LIMA
Governador
do Estado do Amazonas
CAMILO
SANTANA
Governador
do Estado do Ceará
RENATO
CASAGRANDE
Governador
do Estado do Espírito Santo
RONALDO
CAIADO
Governador
do Estado de Goiás
MAURO
MENDES
Governador
do Estado do Mato Grosso
REINALDO
AZAMBUJA
Governador
do Estado do Mato Grosso do Sul
ROMEU
ZEMA
Governador
do Estado de Minas Gerais
HELDER
BARBALHO
Governador
do Estado do Pará
JOÃO
AZEVÊDO
Governador
do Estado da Paraíba
RATINHO
JÚNIOR
Governador
do Estado do Paraná
PAULO
CÂMARA
Governador
do Estado de Pernambuco
WELLINGTON
DIAS
Governador
do Estado do Piauí
WILSON
WITZEL
Governador
do Estado do Rio de Janeiro
FÁTIMA
BEZERRA
Governadora
do Rio Grande do Norte
EDUARDO
LEITE
Governador
do Estado do Rio Grande do Sul
CORONEL
MARCOS ROCHA
Governador
do Estado de Rondônia
ANTONIO
DENARIUM
Governador
do Estado de Roraima
CARLOS
MOISÉS
Governador
do Estado de Santa Catarina
JOÃO
DORIA
Governador
do Estado de São Paulo
BELIVALDO
CHAGAS
Governador
do Estado de Sergipe
MAURO
CARLESSE
Governador
do Estado do Tocantins
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